03/07/2009

SERRA DO RIO DO RASTRO

Saída no sábado... sem pressa. Ora! 400km em 1 dia é moleza! Claro que tal noção serve apenas para os Jocelitos Terminators Sem Noção. Não prevíamos nossas arrastadas paradas para fotos e conversa fora; estrada sinuosa; clima; refeições; e tráfego. E isto que quem liderava não era o Moreschi, senão talvez algum arqueólogo futuro se descabelaria tentando desvendar como um meio de transporte fossilizou no meio de teias de aranha.

Já nos amarramos no posto de gasolina de saída. Talvez o hábito de passar por lá todos os sábados fez a trupe mambembe esquecer o horário - literalmente, pois mambembe não significa apenas grupo de teatro, mas também lugar ermo. O novo terminator nem pode ser culpado do atraso, pois todos salgavam no sol. O Tuca comentou: "belo dia para um passeio... está até calorzinho"... Não sabemos se estava tentando controlar os nervos ou se estava amaldiçoando a viagem. Tranquilamente subimos a serra até Nova Petrópolis sob um clima de agradar os deuses. Nossa parada visava encontrar um candidato junior a Terminator, primo dos Z Brothers. Claro que de júnior não tinha nada (PS: junior na equipe só a cabeça do Joãozinho).

Azar... ou mensagem divina? A moto do candidato Junior fazia óleo (ele também) impedindo-o de seguir com o grupo. Acreditamos em mensagem divina, pois suas vestimentas motorcicle café racer - canguru Company; calça Brim-Coringa; e luvas de pelica, iriam transformá-lo no novo homem das neves. No novo mamute da Sibéria. Ou seja, em mais um motivo para aquele arqueólogo do futuro se escabelar. Desfalcados; mas o futuro demonstraria suas garras e fomos poupados de carregarou ou arrastar um bloco de gelo - metade inorgânico e metade orgânico - serra acima, que não serviria nem para diluir o Whiskyzinho das crianças.

Saímos de Nova Petrópolis próximo ao meio-dia para almoçar copiosamente em Ana Rech. Hotel /restaurante centenário. Mais amarração, mas divertimento máximo a custo mínimo. Descobrimos que o Zé Roque tinha estado naquele hotel na infância - virou o novo homem de Neardenthal da equipe, já que as fotos que encontramos demonstravam o Oscarito comemorando a primeira comunhão e a Dercy Gonçalves virgem no pátio do hotel. O homem de Neardenthal clássico se extinguiu por congelamento ao não poder suportar o frio intenso que açoitou a Europa há uns 30 mil anos. O nosso iria sobreviver a São Joaquim graças à Bardahl... mas isso contamos adiante.

Pegamos a serra até São Marcos - espetáculo e mais amarração. Só tocamos realmente após estarmos no altiplano. Vacaria foi literalmente riscada da rota. Na fronteira fotos no rio mais macho do continente e tocamos asfalto até Lages. Roubada total... tivemos que atravessar toda cidade num tráfego intenso de fim de tarde ensolarada. Perdemos 1 hora e a temperatura caia. Só o que não caia era avontade de um nativo de confraternizar com nosso guia Zé Pandemia Ricardo (até sua passagem por Lages não havia sido registrado nenhum caso de gripe A na cidade, agora... tenham piedade desta nova Gomorra). O nativo, pilotando sua pujante Turuna 82, fazia malabarismos e foi o guia e guru do Zé por toda travessia da cidade. Tá namorando! Tá namorando!

Saímos de Lages já noite com clima glacial. Estrada tortuosa e sem sinalização. O Joãozinho colocou um novo acessório em sua moto - sabedor que esta rota é propícia a ETs, já que em 80km não vimos praticamente ninguém, ele instalou um farol que ilumina as naves espaciais. Iluminava 50 metros acima da estrada - espetáculo. Por sinal as duas únicas pessoas que vimos na estrada provavelmente tinham problemas, pois caminhavam no meio da estrada e pensamos: deve ter uma casinha ou alguma cidadezinha ali adiante... nada. Por outro lado, aquela altura, queríamos tomar o remedinho que eles tinham tomado ou a bebidinha - frio de renguear cuzco.

O Tuca com seu farol iluminando como vela em lata de Neston tocava firme. Melhor iniciação que já vi: sem luz; noite de lua nova; sem sinalização de estrada; sem luvas adequadas; frio cortante; sem juízo; seguindo o Joãozinho que mirava o espaço a cento e algo por hora. Beleza! Sobreviveu a isso... queremos estar ao seu lado no apocalipse. Claro que ninguém revisou se suas ceroulas estavam borradas...

A primeira luz, paramos em um posto de gasolina na entrada de São Joaquim. Vento gélido e temperatura negativa. Congelados, encontramos cerveja gelada. Credo! Obrigado ao bom Joãozinho que pediu ao frentista o que ele estava bebendo. Tomamos uma cachaça com o melhor gosto de querosene que já havíamos provado - em copos personalizados Bardahl. Divertimento máximo, isso é a vida - transformar sofrimento em diversão... Pobre do catarina frentista... o resto da noite foi tomando álcool na bomba.

A pujante São Joaquim tem um hotel de 15 andares que desponta no visual rasteiro e simplório. Somente 3 andares funcionam - o resto é carcaça de concreto !! Não tinha piano para o Mauro dar boas vindas aos hóspedes, ou talvez esteja num dos andares ocultos emparedado. Pena. O bardo se calou... A cidade tem 4 restaurantes e fomos no melhor (Pequeno Bosque - reconhecemos que o nome é prá lá de boiola. Ora pois... um pequeno bosque é freqüentado por pequeninos animais saltitantes e galhudos!). Surpresa: comida de 1ª qualidade e bebida também. Bala e balaço. Fim de dia com divertimento além do máximo e a foto tradicional dos Terminators num brinde.

No domingo, sob friaca, mas sob um sol encorajador, fomos a Bom Jardim da Serra descer a serra do Rio do Rastro. Antes, fotos em cachoeiras repletas de campistas energúmenos fazendo seu churrasco e sua sujeira. Eta povinho porco. A serra...bom, as fotos dizem mais.

Após a descida da serra... roubada! Múltiplas cidadecas conjuntas; quebra-molas mil; trânsito urbano; sinalização podre; ... ou seja, na próxima vez subiremos a serra e voltaremos por outro caminho pelo altiplano. Próxima...? A próxima esta próxima galera! Que venham os States.

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