URUGUAI 2009
11/06/2009 - 18:38
Feriadão Corpus Christi no Uruguai



O que passa pela cabeça do motociclista durante uma viagem de moto? Vento. Resposta literária é verdade, mas…

Mar bravio para velejador e chuva e estrada ruim para motociclista são esportes de aventura, onde o terror se mistura com tesão e superação - não se pensa em nada. É ótimo.

Mar calmo e estrada perfeita em dia de temperatura amena são, por outro lado, uma mistura de equilíbrio com paz; momentos de reflexão, onde cada um voa no seu rumo, mas todos tem sensações semelhantes.

Eu particularmente penso muito. Metade do tempo fico rindo como um idiota lembrando de situações engraçadas dos últimos dias. Repito várias vezes o mesmo pensamento e continuo rindo - é ótimo e relaxante. Desta vez fiquei lembrando da seguinte situação. A recepcionista do hotel nos disse que o portão da garagem seria aberto pelo “Sereno”. Ficamos procurando inicialmente a sirene/campainha e após, por muito tempo, o maldito Sereno. Imaginávamos o Sereno como um bêbado trôpego de 2 metros de altura dormindo e nos deixando na rua com frio. Depois, ao descobrir que sereno é como os "hermanos" chamam o vigilante noturno - o que por si só já é engraçado - ainda surge um manco, torto, aleijado e bêbado manejando o "sereno".... Ria de trepidar a moto durante todo trajeto do dia seguinte.  Verdade que agora não acho muita graça, pois voltei a trabalhar e a cabeça não tem o mesmo equilíbrio e tranqüilidade.  Ou seja, saímos do estado de estupor imbecil do passeio de moto. O que é normalidade mesmo? Estupor imbecil e alegria ou raciocínio lógico associado a rigidez de pensamento? Os filósofos que discutam...

A outra metade do caminho - devido à alegria gerada pelas risadas - penso em momentos / situações do passado. Como tenho memória fraca para o passado longínquo, fico juntando pedaços deste quebra-cabeça. O bom... ora... todas peças que me faltam preencho com "achismos" bons... assim a história final fica ótima. Acredito que seja um santo mecanismo de preservação da espécie - esquecer coisas ruins, ou pelo menos minimizar. As boas continuam boas e as ruins ficam melhores.

A lembrança durante a viagem é sempre ótima, mesmo que deturpada pela memória.

Sempre agradeço aos meus parceiros de viagem pelas bobagens da noite anterior. São os aditivos... o veneno no combustível do dia seguinte.

PS: claro que está um tanto floreado esta história. Tudo isso vale na 1a hora ou nos primeiros 80 km. Depois começam as dores nas costas; no pescoço; na bunda; vontade de fazer xixi; sede; etc... que muitas vezes são minimizadas pelo aditivo! Hora de parar. Novas bobagens... novo aditivo... mais estrada sob riso convulsivo. Assim deveria ser a vida também.

...



Fotos




Se for de moto, o destino não importa.




Livro 10 Anos de Estrada



Últimos Posts

Facebook