21/03/2019

CARRETERA AUSTRAL

Estamos indo. Para os Andes. Para o Sul! Mais uma fronteira para alguns; mais um passeio na esquina para outros; mas principalmente, mais um momento de divertimento máximo para todos. Ficamos grande parte da vida com expectativas pelo que está por vir, sendo que o medo e a ansiedade superam a felicidade do novo. Por que? Não éramos assim. Quando crianças toda novidade, todo passeio, nos enchiam de alegria... mesmo se fosse para conhecer uma praça depois de 5 minutos de caminhada. Aí nossas fronteiras foram se ampliando... o bairro, o outro bairro e a outra praça, o arrabalde, a cidade, outras cidades, o país... o mundo... Onde houve essa transição que nos levou ao outro extremo de nos preocupar com a roupa da viagem, a escova de dentes, seguros e mais seguros, roteiro, hospedagem, riscos, dinheiro, escova de dentes, parafuso de reserva, e o escambau... onde parece que seria mais fácil ficar em casa? É uma pergunta tola, pois a resposta é óbvia... que apenas ficamos responsáveis por nós e por outros. Isto é envelhecer! Talvez aquele camponês que nunca foi além da 3a colina, enfrente o mesmo problema para conhecer a 4a... No outro extremo, sempre me perguntei o que os astronautas que estiveram na lua pensam sobre as nossas viagens “sem expressão” e “infames” no circuito cósmico. Cada expansão de território na nossa vida gera um desdém pelos territórios menores antes explorados. Será que Armstrong olha para sua cidade natal com desdém? Não. Talvez na juventude em algum momento tenha feito isso, mas aconteceu com ele o que acontece com todos. Envelheceu! Envelhecendo começamos a fechar um círculo que nos projeta de novo a infância, onde nossas fronteiras eram menores e nossa rua era a melhor do universo. Mas os Guaipecas ainda não fecharamq esse círculo. E pelo jeito estamos longe de fechá-lo. Estamos longe de Armstrong e mais longe ainda de nós crianças. Um dos objetivos do nosso passeio é a procura pelo novo - como crianças - e não pelo Armstrong que está mais próximo do céu!...